Como assim o Trump ganhou?



Mais do que a vitória de Trump, os eleitores americanos aplicaram uma dura derrota à imprensa, aos grandes capitalistas globais, ao establishment político e à esquerda em geral.

A esquerda perdeu, obviamente, porque viu os pontos mais sensíveis de seu discurso serem claramente rechaçado pelas urnas. O eleitor americano mostrou que não tem mais paciência para as babaquices do politicamente correto, e que não mais acredita na sinceridade e/ou na eficácia das políticas esquerdistas que dizem querer proteger os mais pobres mais acabam tornando-os escravos do Estado. Isso sem falar nos escândalos de corrupção e ameaça à segurança nacional no caso dos e-mails da Hillary.

Independentemente das qualidades e defeitos dos principais candidatos, a imprensa, aliada aos institutos de pesquisa, fez descarada torcida anti-trump e pró-hillary. Sempre sob o disfarce de análises técnicas, isentas e imparciais. A imprensa brasileira não ficou atrás nesse ponto, ao contrário.

Os grandes capitalistas globais, que apostam no “governo mundial” como forma de ampliar sua influência e riquezas, e que investiram pesado na campanha democrata também perderam. A vitória de Trump significa que o eleitor americano não quer que seu país continue perdendo soberania para organismos internacionais, especialmente a ONU.

A única derrota imposta pelas urnas que não tem cor ideológica é a derrota do “stablishment político”, a derrota dos “políticos tradicionais”. Essa derrota atingiu tanto o partido Democrata, quanto o Republicano. Vale ressaltar que, no geral, Trump fez campanha contra o próprio partido. Ou seja, além de estarem cansados do ecossistema político-mental esquerdista, os americanos também estão cansados dos “mesmos políticos de sempre”.

E a prova de que nem a imprensa, nem o establishment, nem a esquerda aprenderam a fresca lição é que, pouco depois de consolidada a vitória do Trump, voltaram a praticar as mesmas atitudes que foram condenadas pelas urnas. Já saem em todos os lugares críticas chamando os eleitores americanos de brancos pobres e ignorantes. Desconsiderando o racismo e o preconceito absurdos contidos nesse tipo de “análise” (choro), só resta ressaltar que cor da pele (não existe raça!!!), conta bancária e conhecimento acadêmico não definem caráter. E uma eleição não se decide apenas por propostas e projetos, mas principalmente por valores. Essa é a grande preocupação da esquerda: não foram as propostas esquerdistas que perderam, apenas. Foram também os valores esquerdistas.

E agora, o que será do mundo?

Outra evidência de que os derrotados insistirão nos mesmos erros são as previsões catastróficas e apocalípticas que já estão saindo do forno sobre o futuro do mundo. É certo que Trump não é uma pessoa de convicções estáveis. Até pouco tempo ele próprio era de esquerda. Mas, justiça seja feita, o maior presidente americano do século XX também foi de esquerda antes de ser eleito: Ronald Reagan. As pessoas mudam. Se Trump mudou, o tempo irá dizer.

Eu não costumo me arriscar a fazer previsões, afinal não tenho bola de cristal. Mas arrisco a dizer que a vitória do Trump representará um grande retrocesso na tentativa esquerdista de dominar a Suprema Corte dos EUA e consequentemente tornar a Constituição americana letra morta. Representará também um grande obstáculo à investida islâmica contra o ocidente.

Assumo esse risco por dois motivos. O primeiro é que Trump deve sua vitória aos eleitores conservadores e aos eleitores cristãos (católicos e protestantes), que rejeitam tanto as pautas esquerdistas seculares como aborto, multiculturalismo, globalismo, centralização política (enfraquecendo os estados e a federação) quanto as pautas “transcendentes” que visam justamente destruir os valores ocidentais, valores judaico-cristãos que são a base não só dos Estados Unidos, mas da Europa, e de toda a América, incluindo o Brasil. Assim sendo, por mais que o Trump não tenha bom trânsito com o partido republicano, dificilmente ele abandonará esses eleitores para tentar agradar seus adversários, que nem por isso mudariam de lado.

O segundo motivo é na verdade o fato mais importante dessa eleição: os republicanos ganharam a maioria das duas Casas do Capitólio. Isso indica que, mesmo que o Trump resolvesse ignorar sua base de apoio e governar com base em interesses alheios, o congresso republicano certamente iria permanecer ao lado do eleitorado conservador e de direita. Para isto é preciso entender que a divergência dos republicanos com Trump não advinha de seu discurso conservador, mas justamente do fato de que muitos o viam como oportunista, haja vista sua recém conversão à direita e estréia no mundo político.

O mundo foi pego de surpresa!

Muitos podem ter ficado supresos com a vitória de Trump, especialmente os que se guiaram pelas “análises” da imprensa. Mas um olhar mais atento mostra que não há nenhum ineditismo no que vimos nessa madrugada. O mesmo aconteceu recentemente na Colômbia e no Reino Unido. No nosso vizinho a imprensa e as pesquisas disseram que o referendo à favor da Paz com o grupo terrorista FARC seria aprovado. O resultado foi um sonoro não. Na terra da Rainha, apesar de apertadas, as pesquisas davam a vitória da permanência do Reino na União Européia. O resultado foi outro não.

Em ambos os países o establishment político em peso ficou de um lado, e as pessoas de outro. Em ambos os países os eleitores foram vítimas do preconceito rancoroso da imprensa. Na Colômbia os eleitores eram insensíveis, porque não sentiam o problema de perto e, portanto, votaram contra a paz (com terroristas!!!). Na Inglaterra eram um bando de velhos gagá que vivem na idade da pedra e não aceitam a modernidade. E mais uma vez se viu também as previsões catastróficas que se seguiram, especialmente a de que a economia mundial iria entrar em colapso com a saída do Reino Unido do bloco europeu.

Moral da história:

Os veículos de imprensa (e as pesquisas também) não são isentos. Eles têm lado, e raramente assumem publicamente o lado que tem (geralmente porque estão do lado esquerdo). Lembre-se disso na próxima vez que ouvir os “especialistas” da imprensa.


Mas a principal lição de tudo isso é outra. Basta olhar para todos os países americanos. Todos, em maior ou menor grau, sofrem com fragmentação e radicalização política da sociedade. Todos, exceto o Canadá! Ou seja: eleger chefes de Estado não dá certo!

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