Carta de Temer: o discurso pós impeachment


No segundo ponto de sua carta à Dilma, dentre os vários que enumera como evidências da falta de confiança da presidente no PMDB e nele mesmo, Temer afirma o seguinte:

"2. Jamais eu ou o PMDB fomos chamados para discutir formulações econômicas ou políticas do país; éramos meros acessórios, secundários, subsidiários."

Desde o mensalão, no primeiro governo Lula, o PMDB se mostrou aliado de todas as horas do PT. Dificilmente essa duradoura aliança seria esquecida pela população. Dessa forma, fica difícil não associar a imagem do PMDB à crise que vivemos hoje, afinal, se a crise foi provocada pelo governo - e foi! - o PMDB também é governo.

A carta de Temer reafirma o discurso que o PMDB vinha ensaiando desde que ficou claro, no dia 15 de março deste ano, que os brasileiros não querem mais o PT: que embora o PMDB fizesse oficialmente parte do governo, nunca tinha contribuído de fato com as decisões políticas e econômicas tomadas pelos petistas. Nas palavras do próprio Temer, os peemedebistas eram "meros acessórios, secundários, subsidiários", nunca de fato participaram de decisões de governo, e portanto não podem ser responsabilizados por elas.


Não se trata aqui de saber se a acusação de Temer é verdade ou não. Particularmente, acredito que seja, precisamente pela natureza do PT. O PT é como Sauron (vilão do Senhor dos Anéis): não divide poder. Isso confere, quando menos, verossimilhança ao que diz o Vice-Presidente. Aqui se trata de notar que o PMDB, seguindo sua tradição de ter um pé em cada canoa, já tem pronto o discurso para o cenário pós-PT, embora negue oficialmente qualquer rompimento com o governo.

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